O avião de papel
Que grande decepção.
Sobre de bico pro céu,
Desce de cara pro chão.
Na pista da palma o avião se prepara:
Turbinas ligadas
Uma asa amarela a lápis-de-cor,
A cauda em sulfite fazendo dobrinha,
O motor funciona a sopa de mandioquinha.
O piloto se move, toma as coordenadas
E as desordenadas.
Um ronco de boca, é ligado o motor.
Pra trás da orelha em aceleração,
Se abrem os dedos e voa o avião...
E voa, voa, voa no céu
Numa vida boa, a um metro do chão
Voa de bico, sobe esquisito,
Desce de frente e curva ao contrário:
Pouso perfeito atrás do armário.
O avião de papel
Que grande satisfação.
Sobe de bico pro céu
Desce de cara pro chão.
Rogério Penna
mai./2003 |